terça-feira, janeiro 24, 2006

Álbum

"Múm - Summer Make Good", (2004) samples



01. Hú Hviss - A Ship

02. Weeping Rock, Rock
03. Nightly Cares
04. Ghosts You Draw on My Back
05. Stir
06. Sing Me Out the Window
07. Islands of the Childrens Children
08. Away
09. Oh, How the Boat Drifts
10. Small Deaths Are the Saddest
11. Will the Summer Make Good for All of Our Sins?
12. Abandoned Ship Bells





As músicas que este trio islandês nos proporciona são simplesmente fabulosas.

Sons dificeis de rotular, sons difíceis de comparar. Mas sons fáceis de se amar.
Encerram tanto de transcendental quanto de etéreo, numa sucessão de delicadas melodias, mescla de instrumentos reais com electrónica, que imprimem uma forte carga onírica a todo o álbum. A todos eles, aliás.
Confesso que este álbum até nem é o meu preferido.
A minha preferência recai sobre o "Finally We Are No One", de 2002. Esse sim, a verdadeira pérola.
Não me perdoo por não ter ainda visto Múm ao vivo, eles que até têm vindo com alguma frequência a Portugal, tendo actuado em Lisboa na Aula Magna, no Porto no Teatro Sá da Bandeira, e na Zambujeira no Festival Sudoeste.
Apenas posso fazer figas para que nos brindem novamente com a sua presença.

A foto de cima, registo da sua passagem pelo Porto, mostra-nos em primeiro plano o elemento que fazia deste grupo um quarteto, Gya, que deixou os Múm (e a sua irmã gémea Kristín) para se dedicar em exclusivo ao violoncelo (sim violoncelo, não é gaffe). Dizer-vos para ouvir qualquer um dos álbuns de Múm não pode ser considerado um conselho de amigo. Deve ser considerado prescrição obrigratória(!). Sob pena de descerem vários degraus na minha consideração. Comecem mesmo por "Finally We Are No One", mais atraente, mais delirante, mais desconcertante, mais cinéfilo, e passem depois para este, declaradamente mais negro, tenso, menos feérico. Mas igualmente belo.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Edifício

Habitação colectiva, Amadora, 2005
Autor: Geno



Mais um edifício. Sim, eu sei. Não tem a qualidade dos outros. Mas este também não foi imaginado por um arquitecto do "star system". Merda. Este nem sequer é de um arquitecto. É produto de um "wannabe". Eu tinha um texto quase preparado sobre um edifício a sério (...), mas como tinha uns pachecos à esquerda e á direita a pedir coisas... Decidi pôr este enquanto não acabo o outro.



As críticas desta vez ficam da vossa parte. Não sejam cruéis. Posso gostar.
De qualquer maneira ponho um álbum para acompanhar.

20060120

O ciclo renova-se.
Um edifício.
Um álbum.
O filme e o livro virão depois. Talvez amanhã.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Livro

"Aliens versus Predator: Eternal" (graphic novel)



Mais uma graphic novel, desta feita sobre um crossover que tem deliciado muita gente por esse mundo fora: Aliens versus Predador.

“Aliens versus Predator: Eternal”, uma história contada em quatro volumes, é um das imensas histórias que opôem estes dois ícones da ficção científica e tem desenhos de Alex Maleev e história de Ian Edginton.
Já li há algum tempo para me lembrar dos detalhes (não tive a sorte de poder vê-la quando era puto para me lembrar dos detalhes todos como acontece com os filmes) mas lembro-me do geral: uma nave alienígena despenha-se na Terra e dá início a uma dinastia liderada por um humano que se tormou imortal (ou quase) devido ao “reverse-engeneering” de tecnologia Yautja (vulgo Predadores). Mas tudo se complica quando as guerras se iniciam e os Predadores decidem voltar ao jogo...

Filme

Predador e Predador 2 (1987 e 1990)



Sobre o filme (neste caso são dois: o original e a sequela) não vou tecer grandes comentários até porque a maioria das pessoas que visitam o meu blog já os devem ter visto (pelo menos duas das três pessoas que perdem tempo aqui, e isto já é uma estimativa por alto do número de leitores, na qual eu me incluo...).
Aliás o fascínio nem é sobre o filme em si nem pelo actor principal do filme original (o Conan, the Republican, que coitado até anda a baralhar ficção e realidade e acha-se o Exterminador...), mas sim pela fabulosa criatura criada pelo Stan Winston (um especialista de efeitos especiais que fez os fatos dos Wookies na Guerra das Estrelas –para quem não sabe o que é um Wookie, sabe concerteza quem é o Chewbacca-, criou os efeitos no Exterminador 1 e 2 –os bons-, e foi responsável também pelos Aliens e pelo Batman de Tim Burton). E isto porque só foi chamado depois de o realizador, já no meio das filmagens numa selva sul-americana, ter visto o fato inicial (que não metia medo a um puto de cinco e que para além disso já parecia ter levado umas bolachadas do Arnold “Run! Go!! Git toa dah choppah!! Schwarzenegger) e ter decidido que não podia ver o Van Damme dentro de uma coisa daquelas. E que ainda por cima ficava com os pés no sitío onde eram as canelas do fato.
Conclusão: decidiu arranjar um fato novo e um gajo grande para o vestir.
O filme tornou-se um ícone dos anos 80, pelos efeitos especiais inovadores, pelo alienígena implacável, pelas prestações de uns tipos excedentários na produção de testosterona (que se fosse servida nas bebidas de um qualquer bar gay deste país chegava para transformá-lo numa tasca de homens de barba rija), pela acção electrizante, e pela carrada de punchlines foleiras, aquilo a que os americanos chamam de oneliners e que se tornaram famosas. Não só aquelas proferidas pelo Ahhnold, (ex: “Agly mudafaka...” ou “He diehnt dizapeahrh, he vas skenneh halavh!” – tradução: “He didn´t disappear, he was skinned alive!”) mas também as de Jesse Ventura (ex: “You´re all a bunch of slack-jawed pussies! This stuff will turn you into a goddam sexual tyrannosaurus, just like me!”, sobre mascar tabaco, ou “I ain´t got time to bleed.”, quando lhe disseram que estava a sangrar).
E são estes tipos governadores na América...
Carl Weathers, Bill Duke e Sonny Landham também contribuiram para o arraial de porrada e tiro-neles.
O segundo filme traz-nos um novo ambiente, a selva urbana, um predador melhor armado (o disco-boomerang é fenomenal) com direito a mais tempo de antena, e novo elenco: Danny Glover, Bill Paxton, Gary Busey, entre outros.
Apesar de o elenco da sequela ter menos carisma que o primeiro, Danny Glover apresenta-se em bom plano, mas fazer esquecer Ahhnold acaba por não ser tarefa fácil.
Mas também, se tem sangue a rodos, sexo, violência, e alguns extraterrestres, que mais se pode exigir de um filme? Pois... se disserem “que nos faça pensar”, eu digo: “Não vale. Isto é um filme de acção com extraterrestres, sexo, sangue e violência (explosões e armas malucas incluídas)”.
Querem pensar vão ver o Crime do Padre Amaro (o português) e pensem assim: “Mas como é que eu pude sequer pensar em ver isto?! Nem sequer conheço a gaja!” Dá que pensar não?

Álbum

"Predator Soundtrack" (2003)



01. 20th Century Fox Fanfare
02. Main Title
03. Something Else
04. Cut 'Em Down

05. Payback Time
06. The Truck
07. Jungle Trek
08. The Girl's Escape
09. Blaine's Death
10. He's My Friend
11. We're All Gonna Die
12. Building A Trap
13. The Waiting
14. The Hunt Is On
15. Dillon Is Disarmed
16. Billy Stands Alone
17. Battle Plans
18. Wounded Predator
19. Hand To Hand Combat
20. Predator's Big Finish
21. The Rescue and End Credits

O álbum que hoje destaco é uma banda-sonora. Lançada somente 16 anos (!) depois da estreia do filme nos cinemas, é uma obra prima de um compositor chamado Alan Silvestri.
O seu lançamento tardio e no entanto bem sucedido só se explica pela dimensão do filme que envolve: Predador, de John McTiernan.
E para o filme Predador, Alan Silvestri criou também uma arma letal. Uma orquestra sinfónica alargada por uma enorme bateria de percussão que é conduzida de forma brilhante naquela que será concerteza uma das mais entusiasmantes e poderosas bandas sonoras da década de 80, e que é também uma das suas primeiras contribuições para o cinema.
As músicas criam na perfeição o efeito opressivo de um perigo omnipresente por todo o filme, seja da selva tropical ou mais tarde do predador invisível.
Apesar de não ser fácil arranjar um exemplar original desta banda sonora uma vez que é uma edição limitada de 3000 unidades, os mais expeditos conseguirão arranjar forma de a ouvir facilmente.
Uma boa alternativa para desenjoar das actuais bandas sonoras de créditos (não de filmes) que grassam hoje em dia.
Agora só não acerta no filme quem for de outro mundo...

Edifício

Museu "de Young", São Francisco, EUA, 2004
Autor: Herzog & de Meuron



Autoria dos arquitectos suiços Herzog & de Meuron, este edifício é uma notável obra de arquitectura da qual me lembrei imediatamente quando fiz os posts anteriores. Sobretudo porque fiz uma referência a uma personagem que acho que se enquadraria muito bem nesta paisagem.
A subtileza do Museu de Young revela-se gradualmente. Em jeito camaleónico, a estrutura de cobre tranforma-se constantemente. Quando se instala o nevoeiro e o sol se mostra intermitente a “pele” da fachada muda frequentemente de transparente a opaca, variando entre tons laranja e castanhos. E para além desta flutuação na luz atmosférica, a fachada vai registando os efeitos da exposição ao elementos, tornando-se num castanho acobreado, pontuado por tons pretos e verdes.
A estrutura foi concebida de forma a permitir que a água da chuva se fosse acomodando em certas zonas, atacando o metal e explorando as suas inerentes tendências de se oxidar.
Os arquitectos deixaram em todos os alçados algumas áreas com o revestimento de cobre tratado de forma suave ou polida, outras irregulares e marteladas, outras com aberturas e ainda com perfurações ou combinações das várias, maximizando dessa forma a oxidação e promovendo-a de forma poética e irregular. Prevê-se assim que a capa oxidada, que levará cerca de uma década a formar-se por completo não terá um aspecto uniforme como encontramos por exemplo na Estátua da Liberdade em Nova York, mas sim sombras esverdeadas polvilhadas de pretos e castanhos que se integrarão nas árvores que envolvem o local.





No dia de inauguração, a chuva , o sal e o nevoeiro já haviam conferido à fachada subtis tons púrpura, sépia e ocre. Expondo o edifício desta maneira fazendo da natureza um elemento chave, a equipa de arquitectos não só eleva a beleza do local – o centro do Parque Golden Gate em São Francisco -, como também faz referência (e reverência) à história do museu de Young, erigido em 1894 e devastado em 1906 por um terramoto. Construído novamente, sucumbiu mais uma vez num terramoto em 1989.
Uma vez que a reconstrução com as necessárias adaptações anti-sismos ficava estimada em mais de 70 milhões de dólares decidiu-se demolir o que restava e fazer novo museu, orçamentado em 200 milhões de dólares e financiado unicamente por entidades privadas.
Herzog & de Meuron arranjaram como solução para o programa de 28.000 m2 uma única estrutura que abraçasse o local albergando as diversas colecções, desde arte Nativo-Americana, Africana, a arte Contemporânea. Um organismo de partes interligadas, um esquema unificado sob uma cobertura de cobre, três bandas de galerias e espaço de circulação que se desenvolvem lado a lado, ora convergendo, ora divergindo entre si.
O arranjo elimina assim hierarquias entre galerias uma vez que as intersecções eliminam a continuidade forçada e permitem que se veja uma colecção sem ter que se atravessar outra.
No entanto uma questão prevalecia: como criar um edifício com uma área tão extensa sem que se torne um maciço intrusivo no parque?
A resposta residia em parte na camuflagem. O revestimento, dissolvendo-se visualmente na luz e na sombra, imita os raios de sol filtrados pela copa das árvores – um efeito que foi conseguido através do recurso de imagens abstractas, fotografias pixelizadas das árvores que envolvem o museu projectadas sobre o cobre e que determinaram o local das perfurações (cada um dos 7200 painéis, modelados por computador é único).
Mestres em desmaterializar fachadas, Herzog & de Meuron não deixaram os seus créditos por mãos alheias: também deixaram em São Francisco a sua marca, sobretudo na torre de nove pisos, a zona educacional e de observação.
A geometria torcida acentua esse efeito. Crescendo a partir de uma base rectangular e tornando-se num paralelograma não-ortogonal (alinhado com a malha da cidade de São Francisco) a forma escultural vai-se transformando à medida que se desenvolve, estreitando-se e quase desparecendo.
A torre é também uma evocação ao anterior museu, ainda que não de forma literal ou estilística.



Uma das formas de atrair público foi tornar gratuita a visita a grande parte do museu, cerca de um terço: o átrio, a galeria das crianças, o café, a loja do museu, o piso de observação da torre, e a exibição de murais que pertenciam à anterior biblioteca principal da cidade (mostrarei aqui no blog noutra ocasião a nova biblioteca principal).
Vincadamente não-hierárquico e não-ditatorial, o interior do museu torna-se dinâmico desde a entrada, energizando a viagem pelo seu interior através de apelativos pontos de fuga, onde as bandas convergem. A iluminação interior, colocada perpendicularmente às linhas que convergem no horizonte, intensifica essa convergência, tornando o espaço fluído e sedutor.

20060105

Hoje vou continuar aquilo que comecei há dias.
Desta feita começarei novamente com um edifício.
Os restantes objectos seguir-se-ão segundo a mesma lógica.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Livro

“Sin City – The Babe Wore Red” (graphic novel)



Pelo que puderam ler do filme acho que dá para notar que sou fã.
Estas graphic novels do Frank Miller são simplesmente arrebatadoras. Frank Miller, depois de anos saltando de editora em editora e de ter desenhado as pranchas de ilustres personagens como o Capitão América e os Vingadores, Batman (foi ele quem tornou o Homem-Morcego num personagem mais adulto e conturbado, e o transformou naquela que é a versão mais unanânime e reconhecida) e Homem Demolidor (Daredevil), entre outros, ganhou maturidade e decidiu escrever e desenhar as suas próprias histórias. Objecto de culto por todo o mundo, saltaram finalmente da 9ª para a 7ª arte.

Filme

“Frank Miller´s Sin City” (2005)



Adaptação da Banda Desenhada de Frank Miller com o mesmo nome, Sin City é uma espécie de compilação de algumas histórias que foram saindo em vários álbuns ao longo dos anos.
Realizado pela por Frank Miller e pela dupla Robert Rodriguez / Quentin Tarantino (o realizador profissional de serviço foi Rodriguez, que realizou filmes desde os aclamados El Mariachi e From Dusk ‘Till Dawn aos deploráveis Spy Kids - tive a felicidade de nunca ter visto mais de cinco minutos destes últimos - , enquanto que Tarantino só deu uma perninha) e com um soberbo elenco onde se destacam Bruce Willis, Mickey Rourke, Jessica Alba, Michael Madsen, Benicio Del Toro, Rosario Dawson, Rutger Hauer, Michael Clarke Duncan e Clive Owen, entre outros que agora não me lembro, Sin City mantém a mesma intensidade, a mesma dureza e a mesma crueldade que caracterizam os comics homónimos. Encontramos as personagens a que já nos habituámos, as vítimas que já vimos sofrer e o mesmo gore que nos deixou abismado. A linguagem gráfica e as ambiências são as mesmas que me agradaram na versão desenhada: recurso ao preto e branco com grande contraste e uso de cores primárias em situações pontuais como meio de enfatizar um personagem ou uma situação. Esta engenhosa solução cria momentos de grande intensidade e dramatismo e inesperadamente (ou talvez não) funciona muito bem no grande ecrã. É verdade que não é com artifícios nem com exercícios de estilo que se consegue um bom filme, como aliás se pode comprovar pela de miríade de tiros ao lado que diversos realizadores e produtoras têm conseguido nos últimos anos, sobretudo quando se apoiam nos efeitos especiais em demasia, mas com boas histórias, performances esplêndidas de actores deste calibre (Mickey Rourke fenomenal, parece que o boxe lhe pôs as ideias no sítio) e mulheres bonitas que sabem representar, não se esperava nada menos que um grande filme. E parece que vêm mais duas sequelas a caminho. Histórias não lhes faltam.

Álbum

“Architect - The Analysis of Noise Trading” (2005) - samples



01. St. Vodka (Mother Russia)
02. If Jim Would Jam With Richie
03. Vectorize (Original Manipulation)
04. Speed O.J.
05. Suicide Lake
06. Radio Einheit (Fine Mechanism)
07. A Monkeys Testdive in a Highspeed Car With a Broken Stereo
08. Ulverized Substance
09. Ah Chamber PHX
10. Bolzen Bei Ilse
11. St. Vodka (Hecq Reconstruction)

O nome do artista nem podia ser mais adequado para primeiro álbum...
E acho que se podia ouvir este álbum no lounge do Mix.
Para os amantes de rótulos pode-se descrever esta sonoridade como Experimental/Electronica (Industrial), Downtempo. Bem sei que pode parecer limitador mas ainda é o melhor sistema para se catalogarem gostos.
Architect é um projecto de Daniel Meyer, um sound designer muito ligado à cena industrial da década de 90.
Perfeito arquitecto de sons, este Daniel Meyer constituiu para mim uma agradável surpresa neste ano que passou, um ano muito profícuo em termos de albuns lançados. Chegou até a ser difícil escolher um albúm para esta entourage. No fim acabou por prevalecer o nome...
O álbum desenvolve-se a um ritmo condizente com uma audição caseira (não sou fã de música de dança em casa) o que para mim significa que este não é um álbum destinado a pistas de dança, e mesmo que fosse duvido que cá pelo burgo alguma vez se fizesse ouvir tal é a audiorreia de “Now´s” e “Mix´s”.
Mas atenção, não se deixem enganar: isto não é martelada.
Os sons são processados e sintetizados de uma forma vincadamente mecânica dando um aspecto tecnológico à música mantendo no entanto uma certa delicadeza e encantamento.
As músicas são bastante longas (quase todas vão bastante além dos cinco minutos), incrivelmente melódicas e contudo poderosas, plenas de atmosferas sonoras que formam uma “arquitectura” que se vai impondo.
Muito bom.
E que dizer dos samples de filmes? Subtis mas perceptíveis. Apercebi-me de alguns sons tirados de Predador (como tenho a banda sonora, se calhar ajudou) e ainda de Sin City (diálogo da estória The customer is always right - como tenho a graphic novel se calhar também ajudou...). Outros provavelmente se encontrarão no álbum, mas ou são mais subtis ou são de filmes que ainda não tive oportunidade de ver.
Recomendo.

Edifício

Restaurante “Mix”, Las Vegas, EUA, 2005

Autor: Patrick Jouin


Escolhi um restaurante para primeiro objecto arquitectónico pela ligação óbvia aos restantes objectos escolhidos. Situa-se na cidade de Las Vegas, tão sedutora quanto a cidade do filme e talvez até mais destrutiva.
O restaurante Mix eleva-se 43 pisos acima das ruas de Las Vegas, oferecendo uma rara comodidade na cidade da (má) fortuna: vistas.
Vistas da cintilante Strip, a diagonal que atravessa Vegas, do deserto, e das montanhas em pano de fundo.
Enquanto os casinos gastam fortunas criando universos contidos onde o sol não se põe, o parisiense Patrick Jouin materializou a oportunidade de ligar o Mix ao espectacular mundo que está para além dos redutos do ar-condicionado.


Este restaurante ocupa o último piso do THEhotel, irmão mais pequeno do hotel casino Mandalay Bay. A necessidade de um local sofisticado e de vanguarda, que cativasse o cliente-tipo, exigente (e confuso) que dispõe de alternativas de qualidade, gerou este espaço, que na realidade são dois espaços: um restaurante de 240 lugares e um lounge com 300 lugares. E embora estes espaços se fundam enquanto partilham o mesmo piso e a mesma cozinha, cada um tem entrada e elevadores distintos.
Espaço suspenso entre o céu e o deserto, beneficia da condição de último piso através das vistas e dos dois terraços, um para o restaurante e outro para o lounge, configurando-se como uma gruta misteriosa que no entanto acolhe os seus visitantes calorosamente.
Para isto contribuem as formas orgânicas do bar principal e da mezzanine do lounge bem como os materiais utilizados para o interior, onde se recorreu ao cabedal para revestir paredes, tectos e mobiliário, estabelecendo um cenário intenso e quase monocromático onde aparecem esculpidas as diversas zonas.
Num restaurante assim quem repara na comida?

20060103

O dia de hoje parece-me uma boa altura para finalmente iniciar este blog.
Hoje é tão bom dia como qualquer outro, mas como “qualquer outro” é uma data um pouco vaga, hoje parece-me melhor...
E como já tem estado online há tanto tempo sem conteúdo nenhum (agradeço a quem manteve corajosamente o link para looking for a sofa to scratch nos seus blogs e websites durante todo este tempo: prova de amizade ou preguiça de moderação(?) o que interessa é que me manteve alerta para a necessidade de retomar/iniciar a escrita) acho que ou criava conteúdos ou desactivava o blog. E como tenho a psicose de guardar lixo (este apenas ocupa menos espaço) hoje acaba por ser dia de “trash frenzy”.
Mas descansem que não é nenhuma efeméride.
Além disso parece-me primário esperar por uma data para fazer algo que se gosta ou que precisa ser feita (isto soa a Natal...).
Bom, sem mais demoras.
Vou começar não por partilhar dúvidas existenciais nem divagações metafísicas profundas, mas por partilhar algumas coisas que embora sendo também pessoais não me pareça que vos entedie já no primeiro tópico e vos faça evitar este blog no futuro.
Pelo menos assim espero.
Vou começar por partilhar/indicar quatro objectos que prenderam o meu interesse nos últimos tempos: um edifício, um álbum, um filme, um livro (neste caso é uma graphic novel, sempre tem bonecos...). E vou tentar fazer com que os objectos tenham algum elo comum.