segunda-feira, maio 22, 2006

Índia...

Projecto: Palácio da Democracia (Assembleia do Estado Indiano), Vidhan Bhavan, Bhopal (1980)
Autor: Charles Correa



Como gosto de cumprir com o que digo, aqui vai o tão demorado post sobre a Índia.
Bom, talvez não será propriamente correcto dizer que é sobre a Índia, uma vez que o destaque dado será para um arquitecto indiano (e daí a relação com a Índia): Charles Correa.

A obra de Charles Correa tem muito mais peso do que aquele que o seu nome parece representar para quem critica arquitectura.
Tem o peso de um país que por si só é um mundo, berço de uma cultura própria, adquirida e moldada pelo contributo de outras civilizações, que nos chega hoje envolta numa nação em que assimetria é sinónimo de normalidade.
Charles Correa tem no seu currículo obras tão diversas no campo do urbanismo e da arquitectura como equipamentos e edifícios públicos, habitação abrangendo edifícios dos mais luxuosos ao mais despojados, complexos turísticos, espaço público, planos de ordenamento territorial, entre muitos outros.
Muito do que acabei de escrever pode parecer (e se calhar de certa forma até são) lugares-comuns, mas a sua obra é digna de ser analisada com alguma atenção. (sob pena de irem parar ao Inferno caso não o façam).
O cuidado nos detalhes de um conjunto habitacional para populações desfavorecidas, seja nos espaços comunais ou no interior das habitações, na simplicidade de construção e na possibilidade de serem os futuros residentes a construirem as suas próprias casas seguindo o projecto, ou no cuidado com as condições ambientais e locais e na forma como se serve destes factores para enriquecer os seus projectos, provam a enorme mestria que Correa possui e que marca de forma distinta cada uma das suas obras.
Humanista, atenta à população tentando suprir as suas necessidades, por vezes das mais básicas, como se reflecte em acções simples como adicionar uma faixa de pavimento arborizada para as pessoas que dormem na rua, sejam peregrinos ou desalojados, minimizando-lhes o desconforto da sua condição.
Mas sente-se tão à vontade a projectar habitação económica como edifícios luxuosos, como se pode comprovar pelos sumptuosos edifícios administrativos, habitação de luxo, ou resorts turísticos que criou.
Admiro bastante a honestidade da sua obra, a sua amplitude e sobretudo a forma pragmática e contudo complexa que esta apresenta.
Um exemplo a reter e um modelo a seguir.

Por hoje deixo aqui algumas imagens de um projecto seu, o Palácio da Democracia, ou Assembleia do Estado Indiano.
Amanhã ou depois deixo-vos com um ou dois exemplos de habitação económica. Sem textos. Só imagens. Porque estes não precisam.
A música (a colocar ainda hoje) fica a cargo de India Arie. Sim eu sei. Não é indiana nem tão pouco toca ritmos indianos. Mas a ligação, ainda que disparatada, é óbvia. Já para não dizer que músicos indianos não conheço nenhum. Conheço o Talvin Singh. Mas esse nem deve contar, acho que está emigrado. E a música dele de indiana também não tem muito.

Ah. O banner é uma perspectiva de Mumbay. Ou Bombay. Ou Bombaim ou o que preferirem.