Arquitectura - Vista House, Kent, Reino Unido
Habitação unifamiliar: Vista House, Dungeness, KentAutor: Arq. Simon Condor
A casa que vos apresento fica numa comunidade piscatória em Dungeness Beach, localidade no ponto mais a Sul do Sudeste de Inglaterra, fustigada por um clima duro com ventos constantes.
Reabilitação de uma cabana de um pescador chamado Vista, é o perfeito exemplo de como uma selecção cuidadosa de materiais e o seu uso de forma sensata podem criar uma arquitectura de qualidade a baixo custo.
O autor do projecto, o arquitecto londrino Simon Condor, concebeu-o recorrendo a materiais encontrados nas lojas de bricolage da zona, tal como a maioria dos residentes da zona fazem nas suas próprias habitações. O resultado final apresenta aspectos neo-vernaculares com cunho modernista/contemporâneo.
Quando o cliente comprou a casa, esta não tinha quaisquer vãos para o lado nascente, precisamente aquele que beneficiava da melhor vista, a praia e o mar, e a estrutura apresentava-se muito degradada o que acabou por motivar uma completa transformação do edifício original.
No interior, a maximização dos espaços comuns foi prioritária, onde foram aplicadas madeiras nórdicas (mais baratas que as inglesas) como forma de conferir um acréscimo de conforto ao conjunto.
Á direita da sala de Inverno (nome dado por ser a mais resguardada e ter lareira), encontram-se as instalações sanitárias, a cozinha/sala de jantar, e a sala de estar, envolta em portas de correr em vidro, fazendo a transição interior/exterior com um deck virado para o mar.
Um material utilizado geralmente para impermeabilizar coberturas foi usado neste caso para revestir as paredes e a cobertura. As paredes de madeira foram revestidas com telas deste material, EDPM (monómero de etileno propileno qualquer coisa...) tornando-as à prova de fogo, impermeáveis, permeáveis ao vapor, resistentes a raios UV e ao ozono, não se degradando com o tempo. Um material considerado ambientalmente consciente, tal como a madeira utilizada.
Em ambiente urbano não restam dúvidas que este seria um caso de sucesso pela sua aparência cativante e soluções construtivas engenhosas.
No contexto em que se situa, um ambiente estranho e desolado (confesso que da primeira vez que me deparei com este edifício julgava-o noutro Kent, talvez nos EUA, dada a estranheza do local, com duas centrais nucleares, ambiente inóspito, a caravana...) adquire ainda mais expressão.
A sua singularidade é reforçada pelo contexto único, em que as edificações existentes são esparsas e são regra geral improvisadas ou abarracadas. Simplesmente “mal-enjerocadas”(parafraseando a a.).
A forma coerente como foi estabelecido o binómio interior/exterior, mantendo a privacidade a par da ligação com a paisagem é resultado de uma intervenção cuidada, bem pensada e muito bem executada.
Como não eram permtidas novas construções na praia, limitando a área de construção à existente, arranjou-se uma solução engenhosa para acomodar hóspedes: a inclusão de uma auto-caravana como anexo.
O contraste visual que surge do negro do edifício e o alumínio prateado da caravana ajudam a demarcar este projecto, integrando-o de forma virtuosa num contexto especial.