terça-feira, junho 27, 2006

A building is a symbol...


"A building is a symbol, as is the act of destroying it. Symbols are given power by people. A symbol, in and of itself is powerless, but with enough people behind it, blowing up a building can change the world."
- V.


Fabuloso. E perturbador.
Só assim posso definir o filme "V de Vingança" (V for Vendetta).
Para começar, as interpretações.
Natalie Portman é fenomenal e Hugo Weaving (o "Smith" de Matrix) é simplesmente soberbo.
Desempenhar um papel tão dramático e sofrido apenas às custas da voz e da expressão corporal, sem uma única expressão facial (usa máscara durante o filme todo), é arrebatador.
Mas não é nas interpretações nem tão pouco na cinematografia que reside o maior trunfo deste filme. O seu maior trunfo é mesmo o argumento.

Num futuro não muito distante, a Inglaterra é uma nação dominada pelo totalitarismo de um regime fascista, em que os cidadãos são reprimidos, as suas liberdades individuais retiradas, justificadas por um mundo pós-apocalíptico criado pela disseminação das guerras dos antigos Estados-Unidos.

Onde é que já vi isto?

À luz dos actuais acontecimentos, em que governos são cada vez menos representativos do povo e das suas vontades, em que os direitos dos cidadãos são estrangulados de dia para dia, o fascismo parece-me cada vez mais uma ameaça que paira no ar.
Ao ver o filme não podia deixar de encontrar paralelismos no que passa todos os dias nas notícias, na contra-informação, no despotismo, na arrogância com que todos os dias somos brindados (e bombardeados) e preocupar-me com o futuro.
Esta história atenta à potencial ameaça de tempos que virão.
Embora tenha lugar num fututo próximo que agora é já passado (parece que a história original foi escrita nos anos 80, embora no filme tenha sido adaptada para se manter no futuro) é uma chamada de atenção para os futuros não muito distantes de sociedades que se deixam ciclicamente agrilhoar pelos seus governos.

V for Vendetta é a adaptação de uma banda-desenhada de Alan Moore que desconhecia, apesar de já ter lido algumas histórias deste autor.
Para quem não sabe Alan Moore é dos mais renomados argumentistas de banda-desenhada, conhecido por imprimir um cunho muito próprio às histórias que forja, tornando-as mais adultas, literárias até.
Quanto ao filme que me fez despertar para esta banda-desenhada (que espero poder ler em breve) só o posso recomendar vivamente.
A banda-desenhada, dado possuir o selo de qualidade Alan Moore, apesar de ainda não a ter lido, posso recomendá-la igualmente.
Agora só espero não ver o dia em que seja necessário alguém recorrer a uma máscara de Guy Faulkes...