terça-feira, abril 01, 2008

Moinho




Os espinhos escondiam-se sob um manto florido.
A dor que representavam tornavam ainda mais coloridas aquelas flores.
Como parecia abençoada aquela comunhão.
Por momentos os espinhos deixaram até de parecer ameaçadores.

Leve e tranquilo. Assim se sentia.
Eram poucas as oportunidades que tinha para se sentir assim.
Eram poucas e sabia-as repentinas, surgindo sem aviso.
A cada oportunidade desperdiçada, outra se gerava, pensou.

O céu vigiava-o e o moinho, gasto pelo vento, resistia orgulhosamente esperando melhores dias.
As flores (e os espinhos) bordejavam o caminho até si.
Um longo caminho, através do qual se viam os quatro cantos do mundo.
Sobranceiro, mostrava que estava para ficar.
O vento dava-lhe carácter, nada mais.
Já nem precisava de velas.
Mostrava-se nú, exposto aos elementos.
(...)
Guardava no coração aquilo que tinha visto.
E um dia, num dia até então como tantos outros, sem que nada
o fizesse esperar... ouviria aquilo que o vento lhe escondia.
Sentiria o calor que o abraçava.

Ficava assim com a certeza de estar vivo mais uma vez.



Imagem: autoria, Geno;
Texto: autoria, Geno;
panorama: (no topo do site)
"...". autor, Geno.


Alexi Murdoch - Time Without Consequence - "Orange Sky"

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